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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

o blog repercute com engenheiros a possível decisão do MC sobre a digitalização do rádio

O Engenheiro Evandro Tiziano, diretor da Akron comenta a matéria do Jornal Valor Econômico, que trouxe uma matéria dando conta de que o governo brasileiro pode adortar dois sistemas para digitalização do rádio. Leiam abaixo:

C.Alfredo Soares: Você acha que essa solução, de dois padrões digitais, é viável do ponto de vista técnico?

RESP : É no mínimo democrática, áudio já está digitalizado há tempos, o conceito de rádio broadcast é mais complexo que isso.A DEFINIÇÃO DE BROADCAST ou Radiodifusão é de veículo de comunicação de MASSA, tudo que não for recepção gratuita de MASSA não é radiodifusão.Premissa pra isso é :a. ampla cobertura - transmissão diretamente ao usuário finalb.receptores de baixo custoc.sem ônus ao usuário finalobs : Engraçado, cômico, senão trágico : que as tomadas de decisão técnicas são realizadas, na maioria dos casos, pelos LEIGOS donos ou gerentes administrativos na sua maioria....e as vendas feitas, por outro elenco de leigos, na sua maioria - e voce quer que isso dê certo ? - E do ponto de vista econômico?

Alfredo Soares: Isso pode encarecer ainda mais a transição para o modelo digital, por parte dos radiodifusores?

RESP : Não tem sistema DIGITAL ECONÔMICO(se compararmos com os sistemas atuais), precisamos de mais transmissores para cobrir a mesma área - isso custa mais, usa mais instalações,depois precisamos interligar estes pontos - isso custa mais, se falhar a cobertura o sinal APAGA, não fica apenas ruidoso - ele APAGA, isso é IRRITANTE,o usuário tem que ter simplicidade pra ser recebido, isso não é nada simples de fazer.Basta olhar os sistema de telefonia - veja quantos pontos de retransmissão existem espalhados pelas cidades.Imagine, apenas imagine o quanto foi investido - além disso veja que são produzidos milhões de receptores - diferente da quantidade dos de rádio.Linhas de financiamento para TELECOM (não radidifusão) são fartas e o payback é DIRETO e não indireto.

C. Alfredo Soares: Vc é um defensor do modelo atual (analógico) por quê?

RESP : ele é simples, eficiente e pode ser melhorado muito mais.Vejo uma radiodifusão que pouco cuidou de qualidade, que mantem-se mais de 30 anos com a maioria dos mesmos problemas, querendo facilidade sem trabalhar coisas essenciais - regida pelo achismo ao invés da técnica boa e eficientemente bem aplicada.Não temos limites conclusos, só achismos.Voce não sabe se está no melhor limite da sua transmissão - nunca avaliou quantitativamente e qualitativamente, simplesmente ligou e deixou ligado....Não vejo uma boa relação custo benefício a implantação digital no negócio RÀDIO - acho que outros futuros estão chegando - vai dar água este modelo proposto._ O rádio do jeito que está, vem dando prejuízo na maior parte dos lugares onde ele atua, principalmente o Am.

C. Alfredo Soares: Qual seria a solução no seu modo de ver, para que ele volte a ter uma resposta de audiência e de dinheiro?

RESP : Não sou um especialista na parte comercial, mas vejo muita acomodação, e falta da correta divulgação dos VALORES da radiodifusão.Precisamos de soluções mais ousadas, mais estudadas e uma pressão sobre as agências, somos passivos demais. Em relação ao AM o som transmitido é muito bom, o recebido não - os receptores são limitados - NUNCA VI uma associação convidar FABRICANTES DE RECEPTORES para discutir o assunto, nem realizar testes em conjunto com o MC para mudar isso. NUNCA vi movimento das associações junto ao BNDES ou outras fontes de fomento para desenvolver tecnologia para o setor, vi sim poucas iniciativas isoladas de fabricantes e técnicos, sem nenhum apoio e reconhecimento(DAMIANI, SCHERMANs e outros). Não há setor que DEPENDE DE TECNOLOGIA,que consiga se desenvolver assim. Ah, os problemas técnicos crônicos, NUNCA foram encarados em conjunto para serem solucionados : os ACHISMOS perduram e os problemas que demandariam juntas profissionais não são cuidados - as associações DEVERIAM coordenar estas coisas...os médicos fazem isso...não somos melhores que eles...Não tenho na minha memória um trabalho desses - trabalhei em conjunto com bons engenheiros na implantação de AM STEREO...só isso....

C. Alfredo Soares: Quanto custará, em média a migração para o digital numa rádio de médio porte?

RESP : CARO, muito caro.Com boa engenharia, menos que os outros...voce não precisa andar de FERRARI pra ser bom...Há uma margem entre 30 a 300 % a mais que uma implementação analógica.SAIBA : um sistema DIGITAL É UM BOM SISTEMA ANALÓGICO COM UM ENCODER+MODULADOR DIGITAL NA PONTA. É assim em TV, satélite, rádio, etc...CARACA, ninguém DIVULGA ISSO - antes de ser digital voce PRECISA SER UM ÓTIMO ANALÓGICO, não tem que aguardar o digital e sim fazer BEM FEITO o que voce tem que fazer.Voce vai investir (DIGITAL)numa coisa que quase ninguém vai ouvir por um longo período, ou voce vê a possibilidade de alguém largar seu MP10 pra comprar um radinho que QUASE faz a mesma coisa...Tem muita tecnologia surgindo e sistemas de tansmissão que estão ficando cada vez mais e mais eficientes : 3G, 4G, wifi, wimax....se liga...EM TEMPO : não vi NINGUÉM da radiodifusão interagir com as HPs e Sansungs da vida...nem com as empresas de telefonia.Afinal não explodiu a tal da Multimídia ? Porque nos escondemos disso?mal entramos nas radios web...Voce sabia que menos de 1 % dos modelos de celulares tem FM ?Voce sabia que 1 único modelo - ERICSON - teve AM ?Nossa maior vantagem não é tecnologia e sim a GERAÇÃO DE CONTEÚDO e INTERAÇÃO com a MASSA.Por mais dinheiro que tenham as TELES, não sabem AINDA falar com a MASSA....Mas eles já tem REDE DE RÁDIO e REDE DE TV...estão vindo...quem vai, chega....Porque não fazemos o caminho inverso ? Falta de competência ? acho que não..falta de visão sim...A ABERT reunia a cada mês, 30 dos mais renomados engenheiros para discutir novas tecnologias...isso não acontece mais...estávamos a frente do MC, sempre...avaliando com as diretorias o que era bom ou não para o MERCADO...Agora somos meio guiados...perdemos a capacidade de avaliação ?

C. Alfredo Soares: Quem quiser continuar competitivo no analógico terá que fazer o quê?

RESP : Fazer direito... ser eficiente, ser econômico, sem ser ousado.Investir certo nos principais valores do seu produto, do seu negócio.Vai ao SEBRAE, aprende a administrar bem, coloca seu negócio radiodifusão como PRIORIDADE.Vejo que todo mundo reclama, que as emissoras sofrem , mas o dono anda de carrinho zero, tem casa de veraneiro, os filhos estudam fora...sei que dificuldade é essa não....o carinha tem emissora de médio porte, compra tudo nacional, mas está na NAB todo ano....Não delirar administrativamente, e dar valor aos seus REAIS VALORES : programação, comercial e técnica.Não apresentamos ESTUDOS DE CASO para podermos ERRAR NOVO, para que velhos problemas sejam VERDADEIRAMENTE conhecidos e SÁBIAMENTE e EFETIVAMENTE RESOLVIDOS.

C. Alfredo Soares: a digitalização obrigará a mudança total dos equipamentos de estúdio ou só teremos alteração de transmissores e antenas?

RESP : VAMOS POR PARTES, como dizia JACK. A DIGITALIZAÇÃO JÁ EXISTE : seu CD é digital, seu MD, seu MP10, computadores...seu telefone...Digitalizar o estúdio já pode acontecer e certamente trará uma maior dinâmica e qualidade ao som - se usado com critério.Mas por não ter AVALIAÇÃO técnica devida, por economia prejudicial, usamos normalmente padrões de baixa qualidade pra reduzir uso do de armazenamento.Temos ERROS GROSSEIROS de instalação - a conexão dos fios - impedâncias e níveis, critérios de balanceamento e por aí vai....Depois que temos um estúdio e os conteúdos de boa qualidade, a sequência do processo não é cuidada :
a. o link não é otimizado - NUNCA medem o REAL resultado ...só vi na JB no Rio.
b. o processador de audio não é otimizado
c. o transmissor não é otimizado e suas conexões e antenas. Existe um procedimento chamado PROOF OF PERFORMANCE...pouquíssimas emissoras fazem...É o procedimento de gerar sinais padrão no estúdio e medir o sinal do ar, avaliando : resposta de frequencia, distorções, ruído, etc...a gente acha sempre uns probleminhas...deve ser feito TODO ANO !No MAIS, se fizermos um bom sistema analógico, migrar pra digital é bem mais simples. Estas informações DEVERIAM ser bem nítidas para as associações, divulgando com clareza e precisão.Vejo o MC com tais posturas..éramos nós que fazíamos isso para o MC.

C. Alfredo Soares: faça um comentário final sobre esta questão, levando em conta as perguntas que não foram feitas.

Gostaria de poder ver mais clareza e atitude das associações no domínio de informações e atendimento para que fortificassem as emissoras, que informações imprecisas não paralizassem a radiodifusão e que esta não espere por MILAGRE para suprir as deficiências do setor. Que uma maior comunhão coloque em discussão os problemas e que BOAS e SÉRIAS propostas sejam IMPLEMENTADAS, mesmo que umas falhem, possam gozar de eficiente avaliação e com isso gerar novas formatações que promovam o meio e resgatem a REAL IMPORTÂNCIA da radiodifusão a sociedade.Que as classes e pessoas que detém canais e DEGRADAM a radiodifusão se afastem do meio, que as entidades responsáveis pelas fiscalizações sejam EFICIENTES e ATUANTES, não apenas como autoridades capazes de PUNIR, mas que sejam referências de seriedade e competência para moralizar e fazer as coisas FUNCIONAREM corretamente.Interações com Universidades, estimular os jovens para darem atenção ao meio e conseguirmos renovação.Fui estagiário de escola técnica e diretor da mesma empresa...depois não vi mais jovens com este envolvimento.Gostaria de ver mais ousadia nas implementações da radiodifusão, discussões mais amplas e claras - acho que isso ajudaria - o radiodifusor espera demais e é bombardeado com informações insuficientes e deformadas, talvez MAL FORMADAS. O DONO de rádio quer fazer tudo..aí FALHA FEIO...deveria mandar o técnico para os congressos técnicos e ir fazer seu papel de DONO, aumentando seu network, e ouvindo as conclusões, ganhando intimidade com as autoridades, mas ouvir de ouvidos bem abertos...ouvir com ATENÇÃO os caras.O MC reuniu recentemente um time de PRIMEIRA pra conduzir o processo de RADIODIFUSÃO e TELECOM do país.NUNCA FIZEMOS ISSO - perdemos ótimos engenheiros para o MC, recentemente - ninguém pestanejou - deixou a radiodifusão imediatamente.Descupe as palavras mais ousadas ou atrevidas.
Conte comigo - se puder ajudar...
Eng.: Evandro Tiziano.

Um comentário:

  1. Caro Alfredo Soares, sou professor de marketing e tenho dúvidas quanto a forma como o mercado radiodifusão define que é seu "cliente". O governo repassa a responsabiliade da comunicação de massa com os ouvintes ao empresário do rádio, que explora comercialmente a venda de espaço publicitário junto a empresas anunciantes como contrapartida. Nesta visão o cliente são os anunciantes e o ouvinte é audiencia qualificada, portanto produto vendido pelos veículos de massa como rádios. Qual é a prática adotada neste mercado? Obrigado.
    Rubens Batista Santos.
    Professor Universitário.
    Uberlândia-MG

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